“Vida louca vida, vida breve, se eu não posso te levar, quero que você me leve.” – cantava Cazuza, que esperava sua morte breve sem perceber que havia se transformado num imortal pelos versos cantados. No seu discurso de posse como imortal na Academia Brasileira de Letras, alguns dias antes de sua morte, Guimarães Rosa dizia que as pessoas morrem para provar que viveram, e que a vida se encerra num encantamento, já prevendo o fim do tempo para uma vida que se tornava atemporal, um paradoxo que não explica o que fica da vida quando essa fica, mas ilustra para que se vive.
Em determinado momento da batalha em “Os Imortais”, Teseu conclama um pequeno exército a resistir bravamente contra um impiedoso e numeroso oponente dizendo que lutava em nome da “imortalidade”. Se no começo do filme os imortais são os titãs aprisionados pelos deuses que de fato não morrem, a sucessão de ações e batalhas traz a imortalidade para o seu devido lugar, as páginas da história conquistadas pela honra e coragem.
A imortalidade é o fim da vida, o encantamento, a lembrança não menos viva das ações que construíram a alma que se foi, deixando seus versos testemunhados e apreciados apropriadamente pelo tempo. Se a vida se aproxima do fim a cada segundo que se vive, em cada um desses segundos se constrói a imortalidade, num futuro que olha cada vez mais para o passado, um dia presente, transformando-o mais uma vez em presente, pela presença da ausência.
E o filme? O filme é uma alegoria da vida e da morte, um lugar em que as virtudes e as ações são destacadas e premiadas com a lembrança. Uma mistura de “300” com “Fúria de Titãs”, mas melhor que ambos por permitir a compreensão da fugacidade da vida, ou da sua atemporalidade.
Comentários de FREDERICO POLES BORGONOVI
Veja o trailer do filme:
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