Assistir ao argentino “Um Conto
Chinês” me fez lembrar do filme Magnólia, de Paul Thomas Anderson,
diretor que emplacou alguns ótimos filmes no final da década de 90 como
Boogie Nights . Numa cena clássica de Magnólia, um homem se joga pela
janela do nono andar com a intenção de se matar, mas quando passa pelo
terceiro andar, recebe uma bala perdida vindo de dentro do
apartamento, de uma briga entre um casal. Essa é a essência de Um Conto
Chinês, o que Alanis Morissette descrevia na música Ironic, também nos
anos 90, um senhor de 98 anos que ganhava na loteria, mas morria no dia
seguinte.
Um jovem chinês encontra o amor de sua vida e enquanto prepara um romântico pedido de casamento navegando pelo rio numa jangada, sofre uma triste e estranha perda, uma vaca cai do céu em cima de sua namorada. Na Argentina, um homem de poucas palavras e poucos amigos, Roberto, interpretado pelo onipresente Ricardo Darín, que coleciona histórias absurdas recortadas das páginas de jornal, encontra o jovem chinês por acaso, e passa a ser responsável por ele por esse mesmo acaso.
O filme parte do absurdo de situações reais para
retratar uma situação não absurda mas surreal, a relação entre um
argentino que só fala espanhol e um chinês que só fala mandarim, e a
forma como eles superam as dores da solidão na amizade que surge aos
poucos entre eles, inusitada, mas baseada na essência social do ser
humano, ou na própria essência humana descrita por Kant. Um Conto Chinês
é um filme leve e sensível, mais um belo filme do cinema argentino.
Comentários de FREDERICO POLES BORGONOVI
Nenhum comentário:
Postar um comentário