Sei bem como o garoto de
"Tão forte, tão perto" se
sentiu quando seu pai foi irremediavelmente retirado de sua vida. Sei o que
significa "o pior dia". Sei, porque para mim a morte repentina de meu
pai deixou traumas profundos e marcou uma divisão importante entre a infância,
dias felizes, união familiar e a vida adulta, fim dos sonhos, a dura realidade
da efêmera existência humana.
No filme, a harmoniosa relação
entre pai e filho torna o impacto da inesperada morte, de uma forma tão aterradora como foram os atentados de 11 de setembro, em
um acontecimento que não se aceita e que, principalmente, não se explica.
Oskar Schell, o personagem do
estreante - e já talentoso - ator mirim (Thomas Horn), ao achar uma chave em meio aos objetos de
seu pai, sai à procura da fechadura para qual ela foi criada. Para
isso, precisa percorrer a cidade de Nova York, encontrando várias
pessoas com o sobrenome Black, que possam ajudar a desvendar o mistério. Desta forma, o garoto tenta ter uma última convivência paterna, assim como também dar algum sentido para a
tragédia, buscando encontrar em uma possível última mensagem de seu pai. Esse tema é até bastante similar ao apresentado no filme "Hugo Cabret". Logo no começo do filme,
Oskar fala sobre a "presença ausente" de seu pai, comparando com a explosão do
sol:
A corrida de Oskar durante o filme significa exatamente esses oito minutos em que ainda é possível sentir os resquíscios da presença de seu pai, antes da inevitável e dura realidade se apresentar definitivamente e a "ficha cair".
"Se o sol explodisse, só daríamos conta
oito minutos depois. Porque este é o tempo que leva para a luz chegar até a gente. Durante oito minutos ainda haveria claridade e ainda faria
calor. Fazia um ano que meu pai morreu e eu sentia que meus oito
minutos com ele estavam se esgotando...”
A corrida de Oskar durante o filme significa exatamente esses oito minutos em que ainda é possível sentir os resquíscios da presença de seu pai, antes da inevitável e dura realidade se apresentar definitivamente e a "ficha cair".
Thomas Schell, em interpretação "exageradamente natural" de Tom Hanks, é um pai afetuoso e uma pessoa extremamente criativa que sempre tentava estimular a curiosidade de Oskar, criando "expedições" pela cidade. Com isso, ele tinha como objetivo fazer com que o filho, portador de um distúrbio que afeta a socialização, interagisse com outras pessoas.
O filme apresenta de forma
bastante competente uma narrativa não linear, na qual são
apresentados flashbacks mostrando o relacionamento entre pai e filho. Em um
deles são mostradas as divertidas guerras de oximoros que os dois
costumavam ter, mais uma forma interessante de estimulo à imaginação e conhecimento do filho.
Destaque para o papel do ator
veterano Max von Sydow, que inclusive está concorrendo a uma estatueta do Oscar
de ator coadjuvante, no qual representa um senhor misterioso que se comunica
apenas escrevendo mensagens e vira companheiro do garoto em sua busca. Seu
personagem permanece mudo por todo o filme, desta forma o ator teve que
expressar sentimentos através apenas de expressões
faciais e corporais, fato que só realçou sua atuação.
A história é adaptação do livro
de mesmo nome de Jonathan Safran Foer, lançado em 2005. É interessante
constatar que quase todos os filmes indicados nesta edição do Oscar são
adaptações de livros, como Invenção de Hugo Cabret, The Help, Os Descendentes,
Moneyball e outros, a exceção de meia-noite em Paris e O Artista que tem roteiros originais.
Apesar de não ser americano, entendo
a tragédia que o 11 de setembro representa para os americanos e lembro de no dia ter me emocionado em frente à tv, sem entender ao certo se o que eu
estava vendo era vida real ou ficção, tamanha a gravidade dos
acontecimentos (virou lugarcomum perguntar "onde você estava naquele dia?"). Apesar de alguns críticos afirmarem que o filme tenta explorar
a tragédia do 11 de setembro de uma forma exagerada para sensibilizar a
platéia, os fatos são contados indiretamente e os atentados terroristas servem apenas de pano de fundo para a busca do protagonista. "Tão perto e tão
forte" é um filme que trata de um tema ainda delicado, e
o conta de uma forma instigante através dos olhos de um garoto que enfrentou o trauma, a dor e conseguiu seguir em frente, história, aliás, similar a de
muitos familiares das vítimas do ataque às torres gêmeas.
Veja também o trailer do filme:
Olá, eu também gostei muito do filme e o considero á altura da filmografia de Daldry, achei fantástica a atuação do menino protagonista e de Max Von Sydon... acho que ele não foi tão bem recebido pela crítica por um simples motivo: Sua trama exige sensibilidade do expectador (as emoções não vêm enlatadas como em "cavalo de Guerra"), o problema é que pouca gente tem tal preciosidade para o oferecer!
ResponderExcluirParabéns pelo blog e pela crítica, depois deia uma passada pelo meu blog e confira a minha resenha do filme: http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2012/02/tao-forte-e-tao-perto.html
Bruno, vi o comentário só agora. Por acaso cheguei no seu blog há alguns minutinhos antes disso. Que engraçado. Adorei o blog e já coloquei um link pra lá. Estarei acompanhando seu excelentes comentários. um abraço.
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