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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Oscar 2012: Tão forte, tão perto (Extremely Loud and Incredibly Close)



Sei bem como o garoto de "Tão forte, tão perto" se sentiu quando seu pai foi irremediavelmente retirado de sua vida. Sei o que significa "o pior dia". Sei, porque para mim a morte repentina de meu pai deixou traumas profundos e marcou uma divisão importante entre a infância, dias felizes, união familiar e a vida adulta, fim dos sonhos, a dura realidade da efêmera existência humana.

No filme, a harmoniosa relação entre pai e filho torna o impacto da inesperada morte, de uma forma tão aterradora como foram os atentados de 11 de setembro, em um acontecimento que não se aceita e que, principalmente, não se explica.


Oskar Schell, o personagem do estreante - e já talentoso - ator mirim (Thomas Horn), ao achar uma chave em meio aos objetos de seu pai, sai à procura da fechadura para qual ela foi criada. Para isso, precisa percorrer a cidade de Nova York, encontrando várias pessoas com o sobrenome Black, que possam ajudar a desvendar o mistério. Desta forma, o garoto tenta ter uma última convivência paterna, assim como também dar algum sentido para a tragédia, buscando encontrar em uma possível última mensagem de seu pai. Esse tema é até bastante similar ao apresentado no filme "Hugo Cabret". Logo no começo do filme, Oskar fala sobre a "presença ausente" de seu pai, comparando com a explosão do sol:

"Se o sol explodisse, só daríamos conta oito minutos depois. Porque este é o tempo que leva para a luz chegar até a gente. Durante oito minutos ainda haveria claridade e ainda faria calor. Fazia um ano que meu pai morreu e eu sentia que meus oito minutos com ele estavam se esgotando...

A corrida de Oskar durante o filme significa exatamente esses oito minutos em que ainda é possível sentir os resquíscios da presença de seu pai, antes da inevitável e dura realidade se apresentar definitivamente e a "ficha cair".


Thomas Schell, em interpretação "exageradamente natural" de Tom Hanks, é um pai afetuoso e uma pessoa extremamente criativa que sempre tentava estimular a curiosidade de Oskar, criando "expedições" pela cidade. Com isso, ele tinha como objetivo fazer com que o filho, portador de um distúrbio que afeta a socialização, interagisse com outras pessoas.

O filme apresenta de forma bastante competente uma narrativa não linear, na qual são apresentados flashbacks mostrando o relacionamento entre pai e filho. Em um deles são mostradas as divertidas guerras de oximoros que os dois costumavam ter, mais uma forma interessante de estimulo à imaginação e conhecimento do filho.

Destaque para o papel do ator veterano Max von Sydow, que inclusive está concorrendo a uma estatueta do Oscar de ator coadjuvante, no qual representa um senhor misterioso que se comunica apenas escrevendo mensagens e vira companheiro do garoto em sua busca. Seu personagem permanece mudo por todo o filme, desta forma o ator teve que expressar sentimentos através apenas de expressões faciais e corporais, fato que só realçou sua atuação.


A história é adaptação do livro de mesmo nome de Jonathan Safran Foer, lançado em 2005. É interessante constatar que quase todos os filmes indicados nesta edição do Oscar são adaptações de livros, como Invenção de Hugo Cabret, The Help, Os Descendentes, Moneyball e outros, a exceção de meia-noite em Paris e O Artista que tem roteiros originais.

Apesar de não ser americano, entendo a tragédia que o 11 de setembro representa para os americanos e lembro de no dia ter me emocionado em frente à tv, sem entender ao certo se o que eu estava vendo era vida real ou ficção, tamanha a gravidade dos acontecimentos (virou lugarcomum perguntar "onde você estava naquele dia?"). Apesar de alguns críticos afirmarem que o filme tenta explorar a tragédia do 11 de setembro de uma forma exagerada para sensibilizar a platéia, os fatos são contados indiretamente e os atentados terroristas servem apenas de pano de fundo para a busca do protagonista. "Tão perto e tão forte" é um filme que trata de um tema ainda delicado, e o conta de uma forma instigante através dos olhos de um garoto que enfrentou o trauma, a dor e conseguiu seguir em frente, história, aliás, similar a de muitos familiares das vítimas do ataque às torres gêmeas.





Veja também o trailer do filme:


2 comentários:

  1. Olá, eu também gostei muito do filme e o considero á altura da filmografia de Daldry, achei fantástica a atuação do menino protagonista e de Max Von Sydon... acho que ele não foi tão bem recebido pela crítica por um simples motivo: Sua trama exige sensibilidade do expectador (as emoções não vêm enlatadas como em "cavalo de Guerra"), o problema é que pouca gente tem tal preciosidade para o oferecer!

    Parabéns pelo blog e pela crítica, depois deia uma passada pelo meu blog e confira a minha resenha do filme: http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2012/02/tao-forte-e-tao-perto.html

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  2. Bruno, vi o comentário só agora. Por acaso cheguei no seu blog há alguns minutinhos antes disso. Que engraçado. Adorei o blog e já coloquei um link pra lá. Estarei acompanhando seu excelentes comentários. um abraço.

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