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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Os melhores filminhos do Oscar 2013

Rango (2011), venceu por falta de concorrentes.

 A categoria de Oscar para melhor animação foi criada em 2002, mas este ano parece que os americanos criaram um gosto pelo stop motion, aquelas animações em que os seres animados geralmente são massinhas de modelar se mexendo. Entre os cinco indicados deste ano, três são feitos nesta técnica: Frankeweenie, ParaNorman e Piratas pirados!. Estes dois últimos foram considerados pelos eleitores do Oscar melhores que Hotel Transilvânia e A origem dos guardiões, indicados pelos críticos do Globo de Ouro 2013.

As aventuras de Tintim (The adventures of Tintin, 2011), esnobado pelo Oscar.
Em geral, um bom filme para crianças é aquele que tem beleza, drama, comédia e sabedoria para ensinar aos pais e aos filhos. Ou seja, fazer animação pra ganhar Oscar dá mais trabalho, pois o filme deve agradar a todas as idades e valorizar as relações familiares. Diferente dos filminhos de séries de TV, que parecem ser produzidos para faixas etárias específicas.

Evidentemente que tem anos que a melhor animação só vence porque os outros concorrentes são fracos mesmo, tal como aconteceu no ano passado, onde Rango (2011), de Gore Verbinski, ganhou por falta de concorrência. O único à altura de concorrer com Rango foi As aventuras de Tintim (The adventures of Tintin, 2011), de Steven Spielberg, mais amado pelo público e agraciado pelo Globo de Ouro 2012, todavia, nem ao Oscar de Melhor Animação foi indicado.

Outra coisa que os americanos adoram são grandes produções, quanto mais caras maiores as chances de serem amadas pelo público. Daí a razão de sites como o IMDB publicarem o orçamento dos filmes como se isso fosse alguma informação. Filme baratinho não merece ganhar Oscar, não importa o quão belo, criativo, informativo e educativo seja o filme.

Vamos aos indicados ao Oscar 2013 de Melhor Animação:

Baratinho demais para merecer o Oscar
Frankeweenie, de Tim Burton, US$ 39 milhões (estamos falando de Oscar, logo essa informação indica se vai ganhar prêmio ou não). Este filme de horror infantil não é o melhor de Tim Burton, mas tem um lado educativo interessante, a importância dos cientistas para a humanidade e seu papel em contribuir para salvar ou destruir a civilização. Enquanto em A Noiva Cadáver (Corpse Bride, 2005) ele criticava o comportamento de deixar de viver a vida em nome da ascensão social (daí o mundo dos mortos ser mais colorido que os dos vivos que só se preocupam com aparência e reputação), nesta animação parece que o mórbido diretor cedeu aos apelos comerciais dos donos da grana e concluiu de maneira mais adocicada, porém um tanto bobinha.

Uma piada inteligente
Piratas pirados! (The pirates! Band of misfits), de Peter Lord e Jeff Newitt, US$ 55 milhões. É uma inteligente tiração de sarro com os estereótipos de piratas, com a cara do cientista Charles Darwin (1809-1882) e com a poderosa Rainha Vitória (1819-1901). Para crianças que já estudam história internacional e estão familiarizadas com a fama de Darwin, o filme é uma piada elegante sobre certos ícones da história ocidental. Aqui os piratas só estão interessados mesmo é em ganhar o prêmio de pirata do ano, Charles Darwin é um donzelão que só quer o amor da rainha e a Rainha Vitória é uma manipuladora que pertence a uma seita gastronômica. Os dois diretores participaram de uma das melhores animações da década passada, Fuga das Galinhas (Chicken Run, 2000).

US$ 185 milhões em aventura, magia e beleza clichê
Valente (Brave), de Brenda Chapman (O Príncipe do Egito (The Prince of Egypt, 1998), Mark Andrews, e Steve Purcell, US$ 185 milhões (eu falei cento e oitenta e cinco milhões de dólares!!!). Vencedor do Globo de Ouro 2013, conta a estória de Merida, uma princesa determinada a comandar o próprio destino e a provar aos pais que ela também tem bravura, mesmo sendo mulher. Para conseguir seu intento ela recorre a uma bruxa cujo feitiço a coloca numa enrascada que põe a própria mãe em perigo. A luta da heroína pela resolução do problema será uma lição sobre o que realmente importa e a verdadeira bravura. As questões tratadas no filme (feminismo, bravura, família) são bem clichês, mas agradam sempre, principalmente numa estória de magia, aventura e belas imagens (lembrem-se dos 185 milhões de dólares!).

Horror infantil com graça e teor educativo
ParaNorman, de Chris Butler e Sam Fell, US$ 60 milhões. É outro horror infantil que conta a história de uma espécie de Chico Xavier em um mundo stop motion. Norman é um garoto que fala com os espíritos dos mortos e sofre muito preconceito por conta disso mas, graças a este dom, ele será o herói da cidade, salvando-a de uma antiga maldição. A grandeza dessa obra está na mensagem de amor, compreensão e tolerância com todas as pessoas, do passado e do presente. O apelo por uma sociedade inclusiva, onde todos, incluindo os feios, os de pouca inteligência, os médiuns e os gays podem ser bem-vindos. Alguns podem não gostar da narrativa espírita, mas o cinema pode utilizar de qualquer crença ou crendice do imaginário popular para desenvolver narrativas construtivas e interessantes.

Que o Ralph detone Valente!
Detona Ralph (Wreck-it Ralph), de Rich Moore, US$ 165 milhões. Pelo orçamento dá logo pra notar que é o único concorrente à altura de Valente. O filme utiliza a realidade dos jogos eletrônicos, que envelhecem (saem do mercado) rapidamente, pegam vírus e bugs, tem seus personagens mocinhos e vilões. Os jogos eletrônicos compõem a realidade da vida de qualquer lugar do planeta onde haja computadores ou celulares. A criatividade da estória reside não só da beleza da produção caríssima, mas em fazer uma analogia inteligente entre a vida real e as fantasias eletrônicas, e principalmente nos ensinamentos sobre amizade, superação, autoaceitação e sabedoria para encarar a vida como ela é.

Meu voto: Detona Ralph.
Quem eu acho que vai ganhar: Valente.

Em tempo: Detona Ralph foi sequer indicado ao BAFTA (o Oscar do Reino Unido), provavelmente por sua mensagem claramente antimonarquista no final do filme. #prontofalei.

Um comentário:

  1. ótimo post. Confesso que só vi o fraquíssimo Frankeweenie (que eu esperava beeeem mais) e o excelente Detona Ralph (que surpreendeu muito). Não preciso dizer qual o meu favorito. Um abraço!

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