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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Rumo ao Oscar 2013, vamos aos prêmios que interessam

Rumo ao Oscar 2013, os prêmios que interessam ao grande público!


A festa de cinema comercial pseudointernacional mais esperada do mundo vai rolar no dia 24 de fevereiro deste ano. Tem um monte de categorias chatas (técnicas) que só interessam aos profissionais do ramo, tais como melhor maquiagem e melhor edição. E quem é que é tão sensível para captar as sutilezas de mixagem e edição sonoras de um filme?

Para o público mesmo, o que interessa é melhor filme e melhores atores, de preferência os mais lindinhos e meigos, os tipos ideais para publicidade de margarina ou detergente. Em relação ao prêmio para os atores, há uma discriminação irracional entre ator e atriz e entre principal e coadjuvante, como se exercessem os ofícios de maneiras incomparáveis.

O meu sonho de consumo é ver todos os filmes e, se possível, comentar todos os das categorias de melhor filme, melhores atores, melhor roteiro original, melhor animação, melhor documentário e melhor filme estrangeiro.

Deixem-me discorrer um pouco sobre as categorias do Oscar:

Um sonho de liberdade (The Shawshank Redemption, 1994), tão amado pelo público, ganhou nenhuma estatueta!

Melhor filme – Antigamente eram apenas cinco indicados, hoje pode chegar a dezenas, dependendo do número de votos recebidos. Gostava mais da limitação antiga, por considerar mais coerente com as outras categorias que também recebem no máximo cinco indicações. Este ano são nove indicados e até este momento só vi quatro, me dando uma diarreia de ansiedade para conseguir ver os outros cinco nesses tempos de carnaval.

Se fazer de uma humilde coadjuvante pode ser uma boa estratégia
Melhores atores principais e coadjuvantes – Tal como uma olimpíada, o prêmio é diferenciado em prêmio para quem tem pênis e prêmio para quem tem vagina (ficam de fora os hermafroditas), como se fosse impossível comparar a atuação de atores de sexos opostos. Bem, atores principais são aqueles que interpretam o personagem motivo pelo qual a estória existe. Muitas vezes o personagem principal nem aparece tanto assim, ressaltando-se os personagens coadjuvantes, exemplos: Onde os fracos não têm vez (No country for old men, 2007) e O paciente inglês (The English patient, 1996), onde quem se destacaram, respectivamente, foram os coadjuvantes Javier Bardem e Juliette Binoche. Os americanos acham que interpretar um papel de personagem coadjuvante é exercer um papel menor, daí esses prêmios serem anunciados antes do de atores principais (que imagino devem ganhar um cachê maior também). Essa diferenciação de premiação me parece meio absurda, pois interpretação tem que ser boa, visto que o exercício da profissão é o mesmo mas... vai explicar isso pra eles! O problema de diferenciar os papéis me parece mais uma questão de marketing, pois há casos de filmes com muitos personagens importantes, sendo difícil diferenciar o principal do coadjuvante. O melhor exemplo para este ano é o filme O mestre (The master, 2012), de Paul Thomas Anderson. Quem exerce o papel do título é o classificado como coadjuvante, Philip Seymour Hoffman, que é tão principal quanto Joaquin Phoenix (o marinheiro perturbado do filme). No filme Uma mente brilhante (A beautiful mind, 2001), a lindinha Jennifer Connely foi anunciada como coadjuvante, embora seu papel fosse de atriz principal, pois assim ficava mais fácil arrebatar o prêmio e promover comercialmente tanto o filme quanto a atriz – o estratagema deu certo!


Um bom exemplo de roteiro original com sucesso comercial: Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal sunshine of the spotless mind, 2004)
Melhor roteiro original – Essa premiação só interessa para aquelas pessoas que curtem mesmo uma boa estória e são ávidos por novidades criativas. Pra mim, assistir a tais filmes é culturalmente mais enriquecedor do que ver os filmes de melhores atores ou direção. Raramente conseguimos ver todos os indicados antes do Oscar.

Melhor direção – Até hoje não entendo bem o que significa isso. Segundo o Wikipedia, diretor é o cineasta, o cara que criou a obra. Ora, se o diretor é bom a obra também deve ser boa. Mas não é assim que pensam os jurados do Oscar. Tem filme que recebe indicação pra melhor filme e pra mais nada, e tem filme que tem indicação pra melhor diretor mas o filme é considerado mais ou menos(?!). A maioria das pessoas lembram mais dos títulos dos filmes do que dos diretores, e quase nenhum diretor é referência. Conhecemos um monte de gente que curte ir ao cinema, mas contamos nos dedos quem vai ver um filme de Tarantino ou de Lars von Trier (diretor mundialmente reconhecido mas ignorado pelo Oscar).


Lars von Trier, reconhecido pelo Mundo e ignorado pelo Oscar!

Melhor animação – Para os aficionados por desenhos animados (Eu!). Antigamente os desenhos animados eram chamados de filminhos, um título muito mais meigo para crianças. Mamãe gritava: "Filho, tá na hora do filminho!" Ocorre que animação não quer dizer filme para criança, embora, pelo que parece, são os filmes para crianças que o Oscar valoriza, então, porque não chamar “melhor filminho”? (best little motion picture! rs). Este ano eu voto em Detona Ralph, mas depois da decepção do Globo de Ouro tenho minhas dúvidas quanto ao resultado.

A velhice e  amor são universais, mas o filme é estrangeiro
Melhor filme estrangeiro – Os americanos devem pensar que cinema é um produto que tem país, idioma, religião e ideologia política chamado Estados Unidos da América. Diferente de um festival como o de Cannes, onde toda a diversidade mundial é exibida, o Oscar chama os não-anglofônicos de estrangeiros. Já foi pior, antes bastava não ter sido produzido nos EUA. Infelizmente, é muito raro vermos todos os indicados estrearem em nossa Terra Brasilis. Como delimitar a arte a um território político chamado país? O filme Amor (Amour, 2012), por exemplo, tá lá classificado como austríaco, mas o título e o idioma é francês, a estória se passa na capital da França, e o diretor nasceu na Alemanha! Por se tratar de uma arte universal, uma classificação dessas parece mais de teor político do que artístico.

O Senhor dos Anéis, adaptação controversa
Melhor roteiro adaptado – É com muita relutância que me aventuro a ver um filme baseado num livro que li e gostei. Os melhores livros não são filmáveis. Livros bons são como a Bíblia, uma epifania que inspira e enriquece nossas vidinhas insignificantes, provocando sentimentos, atitudes, ampliando o conhecimento, alimentando a sabedoria e dividindo a opinião das pessoas, virando motivação para a paz e para a guerra, inspirando as artes e estimulando as ciências. Livros bons plantam um sentimento dentro de nós. Obras primas como “O retrato de Dorian Gray” (Oscar Wilde) ou “A insustentável leveza do ser” (Milan Kundera) talvez até funcionem no teatro, pois teatro é ao vivo, é vibracional, sem aquele distanciamento alienante e manipulativo de uma sala de cinema. Lembro de uma curiosa eleição sobre a trilogia O senhor dos anéis (Lord of the rings, 2001 a 2003): recebeu o maior percentual de reprovação do público sobre a adaptação, mas uma certa maioria também considerou a adaptação perfeita! Talvez, para o Oscar, adaptação não signifique necessariamente que o filme seja fiel ao livro, mas que seja inspirado no livro e a obra cinematográfica seja agradável, daí a trilogia ter sido indicada duas vezes a este prêmio, ganhando no último filme da trilogia em 2004.

O equilibrista (Man on wire, 2008) é  um documentário tão espetacular quanto uma boa ficcão. De tirar o fôlego!
Melhor documentário – São filmes interessantíssimos para quem vai ao cinema buscando aprendizado e se deslumbrar sobre a poética condição humana. Geralmente só passam em sessões de arte ou em salas diferenciadas, tais como o Cinema da Fundação.

Matrix (The Matrix, 1999), é um bom exemplo de filme para a categoria resto. Sem maldade!
O resto – Melhor fotografia (boas imagens não me comovem), melhor mixagem e edição de som (ouvido de pobre não sabe a diferença entre o som de patins e de patinete), melhor figurino, maquiagem e cabelo (dificilmente um filme vai me inspirar para o carnaval), melhor edição (interfere na qualidade, mas não é fundamental), melhor canção e trilha sonora original (não presto muita atenção), os curtas-metragens só vejo se forem exibido antes de um longa, pois não frequento festivais de curtas faz tempo e, finalmente, design de produção (antiga direção de arte) não é grande coisa pra mim. O resto é o resto.

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