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domingo, 31 de março de 2013

Cabra Marcado para Morrer


Cabra Marcado para Morrer (BRA, 1985), de Eduardo Coutinho, é tão venerado pelos esquerdistas que antes de ver tive o preconceito de achar que era alguma propaganda do regime político de Fidel Castro e sua revolução, e que deve ter tido o seu contexto histórico para ser tão valorizado mas que agora não faz mais sentido.

Ocorre que Cabra é muito mais que um filme, é um documento emocional, tão visceralmente verdadeiro em sua humanidade, que transcende ideologias e fronteiras. Porque a humanidade é universal, a ânsia por um mundo melhor e mais justo está na coração de todos os povos.

Logo no início o cineasta contextualiza o cenário político no ano de 1964 entre os camponeses paraibanos, pois a pretensão inicial era contar a história de vida e a luta do líder camponês Pedro Teixeira, assassinado por latifundiários em 1962. O filme seria rodado ali mesmo, em Sapé/PB, onde as pessoas seriam os personagens delas mesmas, feito filme iraniano da década de 1990, mas um conflito armado transferiu a locação para Galileia/PE. Na nova locação, os atores seriam os habitantes que não viveram a história real, com exceção da viúva, dona Elizabeth Teixeira e alguns de seus filhos. Em 31/03/1964 veio o golpe militar e todos os envolvidos com a filmagem foram perseguidos como criminosos.

Os militares pareciam acreditar que tratavam-se de cubanos preparando os camponeses para uma revolução armada, então deveria haver umas 20 mil metralhadoras escondidas ali. Fico pensando como os soldados se sentiram ao ver que não era nada disso. Vemos tantas projeções a cerca dos momentos dramáticos vividos pelo golpe militar da década de 60, mas sempre sob o ponto de vista das vítimas civis. O que os militares pensavam? Havia dissidentes entre eles? De qualquer forma, a inteligência militar da época achou por bem justificar na imprensa que eles invadiram Galileia porque cubanos terroristas preparavam uma guerra.

Em 1981 Eduardo Coutinho resolve reencontrar aquelas pessoas. Vários já tinham morrido. Dona Elizabeth Teixeira refugiara-se numa cidadezinha a centenas de quilômetros de distância, com outro nome, e só um dos filhos sabia onde ela estava. O filme inacabado encontrará o seu final.

É no encontro com os antigos participantes do filme e, em especial com Dona Elizabeth, que o filme ganha o seu contorno mais humano e comovente. Vidas sufocadas, sentimentos de revolta e sequelas emocionais misturam-se com esperança, agradecimento e fé.

Esta obra merece ser objeto de estudo de historiadores, cientistas sociais e do comportamento, ao mesmo tempo em que é uma reflexão para conhecermos mais intimamente a história recente do Brasil bem como nos levar a um entendimento sobre como revoluções de caráter coletivo podem interferir no emocional de um indivíduo.

Cabra Marcado para Morrer é um filme obrigatório.

domingo, 3 de março de 2013

Oscar 2013 – Perdi no bolão de apostas!

Michelle Obama conseguiu aumentar o meu desprezo pelo Oscar


Acertei apenas 15 das 24 categorias do Oscar. Analisemos como foram os meus chutes:

Jennifer Lawrence em O lado bom da vida 
(Silver linings playbook)
Filme: Perdi. =( Acho que com exceção da crítica comprada e alienada, a maioria apostava em Lincoln por motivos óbvios: foi o filme de maior faturamento, maior número de indicações, dirigido por um diretor de blockbuster que todo mundo gosta e com um ator igualmente admirado. Conte-se também que o filme revive os momentos dramáticos do fim da escravidão nos EUA, bem como conta a vida dos últimos meses de um dos homens mais admirados e citados da história ocidental. Não me dei conta do constrangimento político que o filme A hora mais escura provocara, então, para provar que a CIA não é tão feia quanto a realidade, aparece a primeira-vadia primeira-dama dos EUA para premiar Argo. Evidente que foi um prêmio político para limpar a ficha suja da CIA e das forças armadas norteamericanas. Tecnicamente, A hora mais escura foi o melhor filme mas, e daí, não é só de dinheiro, lógica ou de sentimentos que vive a Academia de Hollywood, mas também de satisfazer interesses americanos. Premiar A hora mais escura poderia fomentar uma onda internacional contra a presença das forças americanas em seus países.

Anne Hathaway em Os miseráveis (Les misérables)
Ator principal: Perdi. =( Votaria em Hugh Jackman (Os miseráveis) pela boa surpresa que ele provocou, mas fiquei satisfeito com a premiação de Daniel Day-Lewis (Lincoln), o primeiro ator a ser premiado três vezes. Queimei a língua por achar que Bradley Cooper (O lado bom da vida) faturaria a estatueta, o que me vem uma outra teoria: a maioria dos eleitores devem ser homens, pois quando se trata de ator votam no mais competente, se for atriz votam na mais gostosa.

Atriz principal: Ganhei! =D Nessa acertei em cheio: a linda, tesuda, bonita e gostosona Jennifer Lawrence (O lado bom da vida) ganhou por atiçar o desejo dos machos. Votaria em Jessica Chastain (A hora mais escura) mas aceitaria numa boa se Emmanuelle Riva (Amor) ganhasse.

As aventuras de Pi (Life of Pi).
Ator coadjuvante: Perdi. =( Surpreso com a premiação do alemão Christoph Waltz (Django livre). Não que ele seja ruim, mas Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson eram personagens muito mais marcantes e odiáveis, entretanto estes nem indicados foram. Talvez porque alguns entenderam o filme como ofensivo aos negros, então premiaram o personagem antirracista. Votei em Philip Seymour Hoffman (O mestre).

Atriz coadjuvante: Ganhei! =D Este meu lado piegas não nega que é bom chorar no cinema! =) Anne Hathaway (Os miseráveis) mereceu mesmo, mas ficaria satisfeito se Amy Adams (O mestre) ganhasse.

Valente (Brave)
Direção: Ganhei! =D Ora, um filme bem feito é um filme bem dirigido. Não é à toa que dos 85 filmes que venceram a categoria principal 62 ganharam também por melhor direção. A hora mais escura não concorreu nesta categoria, nem Argo, sobraria então pra Lincoln. Não sei o que se passa na cabeça dos eleitores da Academia, mas chutei Ang Lee e acertei. O meu critério foi por As aventuras de Pi ter sido o filme mais caro entre os indicados, além de ter belíssimas imagens. Saber que o filme foi feito quase todo em cima de um tanque também foi uma curiosidade interessante, o que também sugere que saber como o filme foi feito pode indicar o merecimento, caso a produção tenha sido muito cara, muito difícil ou muito criativa.

Amor (Amour)
Roteiro original: Perdi. =( Votei em A hora mais escura por ingenuidade mesmo, por não ter me dado conta do desconforto que causou aos EUA. Então quem ganhou foi Django livre, talvez para demonstrar que os negros sofridos do passado não foram esquecidos... vai entender! De qualquer forma, fiquei satisfeito.

Roteiro adaptado: Perdi. =( A Academia não premia filme que se apega ao livro. Premia aquele que fez mais sucesso. Ponto. Então qual a razão de Lincoln não ter vencido? Votei em O lado bom da vida por considerar o mais comercial dos filmes, inclusive faturou mais do que o filme de Spielberg em termos proporcionais. Enfim, a Central de Inteligência Americana vence de novo: Argo.

Keira Knightley é Anna Karenina
Longa de animação: Ganhei! =D Creio que Valente venceu não exatamente por ter sido o filme mais caro, mas por ter feito o melhor marketing. Vi comerciais de Valente durante meses! Mas Detona Ralph foi quem verdadeiramente me conquistou.

Filme estranheiro: Ganhei! =D Tava mais do que óbvio que o vencedor seria Amor, pois os outros filmes não concorriam a outras categorias e acho que quase ninguém viu o excelente chileno No. Dos outros três concorrentes só consegui baixar o dinamarquês O amante da rainha porque, pelo jeito, nem deve estrear em Recife.

007 - Operação Skyfall (Skyfall)
Fotografia: Ganhei! =D Não vi Anna Karenina, mas votei em As aventuras de Pi mais uma vez pelos números de seu orçamento e faturamento. Vence aquele filme mais lembrado, e é mais lembrado o mais visto. Comparação: As aventuras de Pi faturou 9 (eu disse nove!) vezes Anna Karenina. Simples assim!

Edição: Perdi. =( Pelos mesmos motivos que perdi em roteiro original, onde o ganhador foi mais uma vez o governo americano: Argo.

Produção de design: Perdi. =( Votei em Anna Karenina mesmo sem ter visto, apenas porque li em algum lugar que o cenário era bonito. Lincoln venceu.

A hora mais escura (Zero dark thirty)
Figurino: Ganhei! =D Votei em Anna Karenina mesmo sem ter visto, apenas porque li em algum lugar que o figurino era bonito.

Maquiagem e cabelo: Perdi. =( Não vi Hitchcock mas votei em O hobbit – Uma jornada inesperada porque é um filme beeeem fantasioso. Mas nem pra isso Peter Jackson serviu! Creio que o efeito Anne Hathaway influenciou e Hugh Jackman também é mais bonito sem ser Wolverine.

Trilha sonora original: Ganhei! =D Votei em As aventuras de Pi, pois segui os comentários, falaram bem de uma trilha que nem prestei atenção. Nem precisava ver Anna Karenina.

Searching for Sugar Man
Canção original: Ganhei! =D O sucesso de Adele em 007 – Operação Skyfall já indicava que só tinha ela mesmo. Nem precisava ver o documentário Chasing Ice nem a comédia Ted, provando mais uma vez que vence aquele que é mais visto e ouvido. E desde quando um documentário tem apelo comercial?

Mixagem de som: Perdi. =( Ninguém sabe o que é isso, mas votei em filme que tem boas explosões, o filme de ação 007 – Operação Skyfall. Nessa categoria geralmente ganha filme de bomba. Estranhamente, quem venceu foi Os miseráveis!

Edição de som: Ganhei! =D Votei em A hora mais escura, mas poderia ter sido As aventuras de Pi ou Django livre. Percebi que vence essa categoria aqueles filmes em que até os sons mais sutis, como o de uma brisa, você ouve. Mas o prêmio foi compartilhado entre A hora mais escura e 007 – Operação Skyfall.

Inocente
Efeitos visuais: Ganhei! =D Poderia pensar logo em analisar os orçamentos e faturamentos dos filmes, mas ao invés disso votei em As aventuras de Pi. Nem precisei ver Branca de Neve e o caçador.

Longa documentário: Ganhei! =D Gente, quem vai pro cinema ver documentário? Só gente cabeça ou que entrou na sala pensando em se divertir, achando que todo filme é romance, ação ou aventura. Acho que nenhum estreou no Brasil ainda, pelo menos não em Recife! Fui na net e pesquisei qual deles foi o mais premiado em outros festivais de cinema: Searching for sugar man. Foi batata!

Curfew
Curta documentário: Ganhei! =D Se longas de documentário quase ninguém vê, imagina um curta! Pesquisei quem ganhou mais prêmios e acertei: Inocente.

Curta de animação: Perdi! =( Votar no mais premiado não deu certo. Eu só vi um deles, Paperman, porque ele passava antes de Detona Ralph. Pelo jeito, os eleitores do Oscar também só conheceram esse e votaram nele. Mas vejam que estranho: Paperman só tinha um prêmio, enquanto Head over heeds tinha cinco prêmios e duas indicações. Imagino que deve custar caro conseguir licença para divulgar um curta passando antes do filme principal nas grandes salas de cinema para o público em geral.

Curta: Ganhei! =D Aqui ninguém vê esses curtas mesmo, só votei no mais premiado, Curfew, e deu certo! =)

Enfim, não foi dessa vez! =/

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 – Melhor filme é sempre um mistério

Batman - O cavaleiro das trevas ressurge (The dark knight rises, 2012). 
Esnobado pelo Oscar!


Acho que uma das coisas mais misteriosas do universo é o resultado do Oscar para melhor filme. Nem macumbeira das boas consegue acertar a falta de lógica da Academia.

Tem superprodução que é muito popular e ganha nada, às vezes, nem indicado é. Este ano o escolhido para o esquecimento foi o aclamado pelo público Batman – O cavaleiro das trevas ressurge (The dark knight rises, 2012), de Christopher Nolan. Ele faturou US$ 450 milhões, mais que o dobro do faturamento de Lincoln.

Bravura indômita (True grit, 2010)
Tanta indicação para nada!
Tem filme que recebe uma tuia de indicações e ganha nenhuma, como aconteceu com Momento de Decisão (The turning point, 1977) – 11 indicações e nem uma estatuetazinha de plástico para consolação. Não precisamos ir tão longe: o remake dos irmãos Coen, Bravura indômita (True grit, 2010), recebeu 10 indicações para faturar NADA!

Já houve até caso do filme só ser indicado a melhor filme e para mais nada, e ainda por cima ganhou a estatueta: Grande Hotel (Grand Hotel, 1932).

Ocorre que para ganhar a estatueta é preciso se comportar como político e se relacionar bem com seus eleitores, pois duvido que os eleitores do Oscar tenham realmente visto todos os filmes. Então os candidatos precisam estar sempre por lá distribuindo sorrisos e agrados para serem lembrados. Aparentemente, ninguém tá superando Ben Affleck neste quesito, ele bem que poderia abrir uma escola de marketing voltado para a indústria da premiação, pois só um especialista neste tipo de expediente consegue arrancar tantos elogios por trabalhos medíocres. Se ele tivesse dirigido João e Maria – Caçadores de bruxas (Hansel & Gretel – Witch hunters, 2013), iriam dizer que o filme foi super bem dirigido, os atores foram ótimos e ainda concorreria ao Oscar de Melhor Filme em 2014.

Visto que o Oscar é parecido com campanha política, os números dos orçamentos e faturamentos, além das indicações, servem como um guia pra chutar qual vai ser o melhor filme e, quem sabe, ganhar num bolão de apostas.

Comentemos sobre os indicados:

Um filme que levanta questionamentos acalorados
A hora mais escura (Zero Dark Thirty, 2012), de Kathryn Bigelow. US$ 40 milhões, já faturou US$ 88 milhões. 5 indicações. A ficção mais realista da história do cinema talvez não ganhe nada depois que movimentos políticos americanos resolveram difamar o filme, acusando-o de fazer apologia à tortura e fazer uma péssima imagem da CIA. O caso é que a estória é muito bem contada, as sequências foram ótimas, e todo mundo sabe que as forças armadas e o serviço de inteligência usam a tortura para obter informações. Este é um filme que provoca debates sobre a verdade, a ética e a moral dos governantes e de seus agentes. Só por ter provocado o pensamento merece estar na lista dos filmes que devem ser vistos antes de morrer.

Velhice e doenças com realismo nu e cru
Amor (Amour, 2012), de Michael Haneke. US$ 9,8 milhões, faturou US$ 4,1 milhões. 5 indicações. Não sei como este filme veio parar aqui. O fato de ser vencedor da Palma de Ouro é uma prova concreta de que tal filme tem nada a ver com o Oscar. Ele não tem nada de comercial. É capaz de estragar um final de semana inteiro. Você não pode deixar seus avós verem esse filme. Pois é duro, realista, ao nos confrontar com uma realidade da vida: envelhecemos e ficamos à mercê dos outros. Se você é do tipo que vai ao cinema só pra se deleitar em ver rostos bonitos, corpos bem feitos, momentos meigos e felizes, fuja de “Amor”, pois aqui você vai conhecer este sentimento poderoso em sua forma mais extrema.

Tirando o ator principal, vale a pena
Argo (2012), de Ben Affleck. US$ 44,5 milhões, faturou R$ 127,3 milhões. 7 indicações. O filme foi até baratinho e rendeu bastante lucro para o marketeiro Ben Affleck. A estória real é tão absurdamente cinematográfica que parece coisa de cinema. Tirando o ator principal, o canastrão inexpressivo Ben Affleck, o filme foi realmente bem dirigido, revela a desastrosa política internacional americana com o Oriente Médio bem como nos lembra do quanto é importante saber espalhar mentiras na mídia, porque “uma mentira repetida muitas vezes acaba virando uma verdade”, já ensinava Adolf Hittler. Foi através da mentira que o agente da CIA Tony Mendez conseguiu resgatar seis funcionários da embaixada americana no Irã, em 1980. Argo está na lista de diversas páginas de cinema como o melhor filme de 2012. #críticacomprada

Filme bonito... e só!
As aventuras de Pi (Life of Pi, 2012), de Ang Lee. US$ 120 milhões, faturou R$ 111,4 milhões (tá dando prejuízo!). 11 indicações. Logo no início o filme promete contar "uma estória que vai fazer você acreditar em Deus", então esperamos um filme intelectualmente instigante e provocador para alimentar nossas mentes inquietas em reflexões sobre a condição humana, mas ao invés disso, o que vemos é um filme superficial, piegas e meramente simbólico. Com algumas belíssimas cenas somadas aos momentos que obrigam o espectador a chorar, As aventuras de Pi é um filme comercial travestido de filme de arte. Por ter sido um filme caro e piegas, deve ganhar o prêmio de melhor direção e fotografia.

Quentin Tarantino: ame ou odeie
Django livre (Django unchained, 2012), de Quentin Tarantino. US$ 100 milhões, faturou R$ 157,4 milhões. 5 indicações. É impossível se sentir indiferente quando vemos uma obra de Quentin Tarantino! Este não é um faroeste qualquer, pois toca no tema espinhoso da escravidão e sua brutalidade. Como em Bastardos Inglórios (Inglorious basterds, 2009), a violência insana do heroi é apenas um reflexo da insanidade de uma época. A diferença é que aqui o herói não está buscando vingança, tudo o que ele faz é por amor a uma mulher, sua esposa, que pretende resgatar. Filme obrigatório!

Viver à margem da sociedade é ter feriado o ano inteiro
Indomável sonhadora (Beasts of the Southern wild, 2012), de Benh Zeitlin. US$ 1,8 milhões, faturou US$ 12,3 milhões. 4 indicações. Muita gente pensa que não existe favelas nos EUA. Este filme veio para nos lembrar que não é bem assim. Na visão de uma menina de apenas 6 anos de idade, que não tem muitas necessidades e desejos, nem ambições, viver à margem da sociedade é viver em feriado o ano inteiro. Foi essa doçura infantil, além da espetacular atuação de Quvenzhané Wallis que o tornou aclamado pelo público e pela crítica. Mas é óbvio que um filme tão baratinho, cheio de gente pobre e feia, não foi feito pra ganhar Oscar. Se houvessem só cinco indicados a melhor filme estaria de fora.

Momento histórico dramático
Lincoln (2012), de Steven Spielberg. US$ 65 milhões, faturou US$ 176,7 milhões. 12 indicações. O fato de ter tantas indicações e de ter sido o filme com maior faturamento entre os indicados, já é um bom sinal de que será eleito o melhor filme. Gostei do estilo didático deste filme histórico. É um filme interessante sobre a abolição da escravatura nos EUA, com toda a corrupção que a acompanhou, lembrando muito a relação entre os três poderes da nação brasileira.





Protagonistas que parecem garotos-propagandas
O lado bom da vida (Silver linings playbook, 2012), de David O. Russel. 8 indicações. US$ 21 milhões, faturou US$ 100,4 milhões. O tom de humor e drama nesta tragicômica estória tem tudo a ver com o transtorno mental bipolar. Este filme é muito bom como entretenimento, mas fraquinho demais para fazer nos conscientizar sobre as doenças mentais, os limites das pessoas e da medicina, o preconceito social. Com protagonistas que parecem garotos-propaganda, entrou na lista de indicados a melhor filme apenas devido ao sucesso comercial.

Grandioso, comovente e lindo!
Os miseráveis (Les misérables, 2012), de Tom Hooper. US$ 61 milhões, faturou US$ 145,8 milhões. 8 indicações. Sei que musical não é bem o gosto do brasileiro, e também não sou fã, nem de Cantando na chuva (Singin' in the rain, 1952) eu acho grande coisa. O primeiro musical que me marcou foi Dançando no escuro (Dancer in the dark, 2000), de Lars von Trier... até depressão eu tinha só de lembrar tanta tristeza que o filme passava. Mas este musical também me agradou (deu pra notar que só gosto de musical se ele for beeeem triste!), pois pra mim ele é como uma ópera grandiosa, poética, inspiradora, comovente e linda.


Meu voto: A hora mais escura
Quem deve ganhar: Lincoln

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 - Atriz Principal, prêmio para a mais gostosa


Agora os indicados ao prêmio de atriz principal.

Por razões culturais, ganha aquela que causar maiores suspiros sexuais.

Este ano temos duas curiosidades extremas: a atriz mais velha e a mais nova a receber indicação ao Oscar: a francesa Emmanuelle Riva (85 anos) e a americana Quvenzhané Wallis (9 anos).

Comentemos sobre as indicadas:

Emmanuelle Riva, 85 anos (completa 86 anos no dia do Oscar!), pelo personagem Anne, no filme Amor (Amour, 2012). A interpretação dessa atriz como a velhinha que começa a sofrer de demência, seguida de um grave acidente vascular cerebral, decaindo fisicamente, louvando a vida e desejando a morte, faz o espectador se sentir mal. Curiosamente, não há cenas de pieguice. Nos deparamos com os nossos demônios das dores da velhice sem choro, nem vela. Esta é sua primeira (pela idade deve ser a única) indicação ao Oscar, todavia, apesar do trabalho magnífico, uma atriz idosa fazendo um papel desses só vai atrair comerciais para casas funerárias e remédios para velhice, então só na próxima encarnação, se ainda houver Oscar quando chegar lá.

Jennifer Lawrence, 22 anos, pelo personagem Tiffany, no filme O lado bom da vida (Silver linings playbook, 2012). Além de jovem e linda, ela tá muito gostosa como a ninfomaníaca perturbada que faz par romântico com o atlético e cuti-cuti Bradley Cooper. Evidentemente que ela presta alguma coisa como atriz, inclusive já foi indicada ao Oscar pelo filme Inverno da alma (Winter's bone, 2010), onde interpretou uma adolescente de uma família de almas sebosas que precisa dar um jeito pra continuar cuidando dos irmãozinhos e não perder a própria casa, mas tá longe da visceral Emmanuelle Riva ou Jessica Chastain. Por ter atiçado o nível hormonal dos machos, ganhou o Critics Choice, Globo de Ouro e Sindicato dos Atores. Perfeita para fazer comerciais de produtos de beleza e roupas íntimas. Com tantos atributos, é a candidata favorita ao Oscar.

Jessica Chastain, 35 anos, pelo personagem Maya, do filme A hora mais escura (Zero dark thirty, 2012). Outra deusa de charme e beleza que sabe demonstrar a verdade do personagem sem precisar ter seu corpo vampirizado pela câmera. É interessante ver o personagem evoluindo na tela de maneira tão humana: inicialmente se perturba com a tortura, depois se acostuma e até participa, nutre desejos de vingança e está disposta a ferir quem for preciso para conseguir matar Osama Bin Laden (não se discute aqui se este fato é verdadeiro). Por este papel ganhou o Critics Choice e o Globo de Ouro. Já foi indicada ao Oscar por Histórias cruzadas (The help, 2011), onde interpretou uma mulher frágil e insegura, que só queria ter amigas e fazer o marido feliz, porém, nesta obra ela é uma agente da CIA muito séria, movida por vingança, logo não serve muito para comerciais de produtos para o lar ou de ginástica, talvez artigos de beleza...

Naomi Watts, 44 anos, pelo personagem Maria, no filme O impossível (Lo imposible, 2012). A dramatização de estória real de uma família que estava passando umas férias na Tailândia quando aconteceu um tsunami em 2004. Na vida real Maria não é tão linda mas, nos EUA cinema não é arte, é produto mesmo, e eles só querem comprar o que é lindo. Pessoas lindas sofrendo e lutando pela sobrevivência são mais comoventes do que as feias. Quem se importa com o sofrimento dos feios, não é mesmo? Acho que feio nem sofre... Já foi indicada ao Oscar por 21 gramas (21 grams, 2004), onde interpretou uma viúva que se envolveu com um cardíaco que tinha o coração transplantado de seu falecido marido, a quem ela obriga a assassinar o motorista que matou sua família num acidente. Apesar de linda, ficou doente e feia no filme, e sua interpretação foi apenas competente.

Quvenzhané Wallis, 9 anos, pelo personagem Hushpuppy, no filme Indomável sonhadora (Beasts of the Southern wild, 2012). Essa menina linda e fofa é a mais jovem atriz a receber indicação ao Oscar. Quando ela fez o papel ela tinha 6 (eu disse seis) anos! Difícil acreditar em tamanho talento para parecer tão natural como uma menina favelada e carente de mãe. O momento mais marcante é o seu último diálogo com o pai moribundo: “sem choro”, e as lágrimas escorrendo pelo rosto... só de lembrar meus olhos marejam! Apesar da excelente atuação, e de comover o mundo inteiro, venhamos e convenhamos, este ano ninguém tá páreo para a linda, tesuda, bonita e gostosona Jenni (para os íntimos). Além disso, no filme sua voz é ouvida mais em off do que ela dialogando. Ela é encantadora, mas não tão madura como atriz (também pudera... seis anos!). Só lembrando que esta foi sua primeira indicação, mas se ela continuar na carreira, irá receber muitas.

Meu voto: Jessica Chastain.
Quem eu acho que vai vencer: Jennifer Lawrence, porque vende mais.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 – A Hora Mais Escura

  
No início do século XVII, o holandês Hugo Grotius desenvolvendo o conceito de guerra justa como forma de oposição ao ataque injusto sofrido, lançaria as bases do Direito Internacional, e seria considerado um dos precursores do direito natural, utilizando a finalidade como uma justificativa para a prática da guerra, o que Maquiavel já havia feito anteriormente na obra fundadora da Política, “O Príncipe”.
Aproximadamente dois séculos depois, Immanuel Kant retomaria a idéia de direito natural desenvolvida por Grotius, inspirado no antropocentrismo renascentista e atribuiria o direito natural ao homem, e não aos Estados ou às Instituições Eclesiásticas, as guerras que chegaram a durar quase cem anos ou a semear a intolerância religiosa deram origem às revoluções, ao surgimento do direito natural nas cartas de direitos humanos.
No início do século XXI, em “Abril Despedaçado”, o personagem de Rodrigo Santoro recebe já no começo do filme a missão de vingar a morte de seu irmão, seguindo uma tradição de vingança ao estilo talião, que acompanha longos anos de rivalidade entre duas famílias, mas ao mesmo tempo em que sente o incômodo do peso de matar uma pessoa, contraposto à dor da perda de seu irmão, sabe que cumprir a missão abreviará a sua própria vida, e passa a se questionar sobre o real significado da justiça dos homens e a utilidade da vingança como forma de satisfação desse sentimento de justiça.
Esse questionamento aparece em algumas cenas de “Guerra ao Terror” filme de Kathryn Bigelow que arrematou vários prêmios Oscar em 2010, entre eles melhor filme e diretora, quando o personagem de Jeremy Renner não consegue se reenquadrar à vida em sociedade, abrindo mão da paz para voltar à guerra à qual se habituara, ainda que não conseguisse justificar as razões dessa volta, que se tornaria um vício.
“A Hora Mais Escura” poderia ser uma espécie de continuação de “Guerra ao Terror”, mas a falta de questionamentos sobre a reiterada prática de tortura, prisões arbitrárias ou mortes injustificadas legitimadas pela indústria da guerra atribui ao filme o padrão CIA de qualidade, personagens obstinados em busca da caça ao terrorista Bin Laden, e reclamações justas da crítica sobre uma espécie de glorificação dessa violência. Essa questão fica bem caracterizada na evolução da personagem de Jessica Chastain ao longo do filme, pois se no início fica constrangida e se sente incomodada com a prática reiterada da tortura nos interrogatórios, seu amadurecimento como agente da CIA nos quais os outros agentes podem confiar se relaciona à incorporação dessas práticas ao seu trabalho.
O filme retrata um roteiro de vingança, sem se importar em demonstrar como essa busca pela vingança afetou a vida de milhares de pessoas colocadas sob a mira indiscriminada dos canhões de guerra que se levantaram para homenagear Grotius e terminaram por coroar Maquiavel, esmagando no caminho tudo aquilo pelo qual Kant havia lutado, excluindo dos homens o direito a ter direitos apenas com base na lógica exponencial da vingança descrita pela matemática militar americana demonstrada em “A senha: swordfish”. Acaba por demonstrar que a evolução da humanidade não afasta essa mesma humanidade da repetição cíclica da história, podendo ser resumido na frase dita pelo personagem de Jason Clark (em ótima atuação) dita ao prisioneiro antes de um interrogatório com sessões de tortura, “Você não entendeu o conceito, então eu vou explicar melhor, eu não tenho pressa, pois eu tenho tempo, você, a cada dia que passa não, pois seu tempo diminui.”, realmente, o tempo sempre esteve a favor da repetição da história, da vingança e da politização da guerra, não importando se esse tempo era passado, presente ou se futuro.
Jessica Chastain com boas chances de brigar pela estatueta de melhor atriz, em excelente atuação como a determinada e incansável agente da CIA que localizou Bin Laden, e o jornalismo investigativo de Mark Boal, que podem render ao filme uma estatueta pelo roteiro, são as melhores chances de premiação para o filme.
Texto de Frederico Borgonovi.
 
Confira o trailer
 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 - Atriz Coadjuvante, que vença a mais chorona

Agora os indicados ao prêmio de coadjuvante para os que nasceram com vagina. Como sempre, atrizes principais são classificadas como coadjuvantes para facilitar a premiação, neste ano foi o caso de Helen Hunt.

Por razões culturais, ganha aquela que arrancar mais lágrimas dos espectadores.

Comentemos sobre as indicadas:

Amy Adams, 38 anos, pelo personagem Peggy Dodd, a esposa do mestre espiritual no filme O mestre (The master, 2012). Peggy é muito séria, controladora, manipuladora e seguidora fanática do próprio marido. Parece genuinamente interessada na evolução espiritual dos seguidores da seita mas ao mesmo tempo tem um olhar que mete medo. Além de linda, teve atuação excelente. Esta é sua quarta indicação ao Oscar, já foi indicada por O vencedor (The fighter, 2010), Dúvida (Doubt, 2008) e Retratos de família (Junebug, 2005). Será que desta vez ela leva a estatueta? O páreo está difícil, pois há muitas atrizes talentosas e, além disso, ela não arranca nenhuma lágrima, logo...


Anne Hathaway, 30 anos, pelo personagem Fantine, no musical Os miseráveis (Les misérables, 2012). A criminosa sexy de Batman do ano passado fez plateias chorarem desesperadamente com sua atuação de uma pobre coitada que vendeu o cabelo, dentes, se prostituiu e morreu de tuberculose, tudo isso longe da própria filhinha que também era maltratada (vida miserável!!!). Chorei que só!!! E olhe que ela só aparece 25 minutos num filme de quase duas horas e quarenta!!! Por este papel ganhou o Critics Choice, Globo de Ouro e Sindicato dos Atores, pois os americanos adoram atuações que enchem nossos olhos de lágrimas, principalmente num musical (outro fascínio dos americanos) o que, em tese, a torna favorita para o Oscar. Ela já foi indicada outra vez por O casamento de Rachel (Rachel getting married, 2008), onde interpretava uma dependente química responsável pela morte do próprio irmãozinho.

Helen Hunt, 49 anos, pelo personagem Cheryl, do filme As sessões (The sessions, 2012). Helen Hunt tira a roupa sem pudores como terapeuta sexual do deficiente físico Mark O'Brien (John Hawkes). Para garantir uma indicação classificaram a personagem como coadjuvante, mas era pra ser a principal mesmo. Ela já ganhou o Oscar por Melhor é impossível (As good as it gets, 1997), porém, nesta obra ela não arranca lágrimas, logo...

Jacki Weaver, 65 anos, pelo personagem Dolores (a mãe do personagem principal, Pat), no filme O lado bom da vida (Silver linings playbook 2012). Acredito que a atriz foi indicada mais pelo bom desempenho do elenco do filme do que pelo desempenho individual (as mesmas razões da indicação de Robert De Niro, apenas copiei o texto). Já foi indicada ao Oscar por Reino Animal (Animal kingdom, 2010). Mas há um momento do filme em que ela provoca uns olhos marejados, quando o irmão de Pat aparece e conta todos os seus feitos (conseguiu enriquecer, comprar casa, carro, se casou...) enquanto Pat perdeu tudo, aí Pat responde que ele não tem nada além de seu amor para oferecer, e os olhos da mãe se enche de lágrimas... (só de lembrar dá vontade de chorar... buáááá!!!).

Sally Field, 66 anos, pelo personagem Mary Todd Lincoln, em Lincoln (2012). Deve ter sido interessante interpretar a esposa de Lincoln que, segundo o filme, também se queixava de ser apenas uma coadjuvante na vida dele, mas que poderia sofrer até mais. Já ganhou o Oscar duas vezes – Um lugar no coração (Places in the heart, 1984) e Norma Rae (1979). Apesar da excelente atuação, e de provocar alguma tristeza como a mãe que sofre de cefaleia e maus presságios por ter perdido um filho na guerra, ela tá longe do dilúvio de lágrimas da jovem e linda Anne Hathaway, logo...


Meu voto: Anne Hathaway, por que também adoro ir pro cinema pra chorar! (Buááááaá!!!!)
Quem eu acho que vai vencer: Anne Hathaway, porque em poucos minutos provocou um dilúvio de lágrimas.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 - Ator Coadjuvante, que vença o melhor

Os americanos acreditam que personagem coadjuvante é um personagem menor mas, por razões mercadológicas, criaram essa premiação como se fosse uma espécie de medalha de prata. “Você apareceu tão bem nessa pontinha que vamos te dar um prêmio de consolação”.

Mas o peso do personagem coadjuvante pode ser tão grande que, às vezes, até se destaca mais do que o personagem principal. Além disso, a simples indicação ao Oscar promove o ator e o filme comercialmente, ajudando a faturar mais alguns milhões de dólares e aumentando o valor do cachê do ator, pois ele será convidado para outros filmes e comerciais.

Visto que os americanos dão importância ao coadjuvante na mesma medida em que brasileiros dão importância ao político candidato a vice, não importa muito se o cara é velho e feio, se tem religião ou qual seja a orientação sexual. Então, pelo menos para o coadjuvante, o talento talvez seja mais relevante.

Comentemos sobre os indicados:

Alan Arkin, 78 anos, pelo personagem Lester Siegel, o produtor de cinema no filme Argo (2012). O ator não faz nada demais, porém, com o alto poder de influência de Ben Affleck, chegaram ao ponto de dizer que ele brilhou na tela. Disseram o mesmo do gostosão Jeremmy Renner, um ator canastrão indicado ao Oscar no igualmente medíocre Atração Perigosa (The town, 2010), um verdadeiro sucesso de crítica comprada. Enfim, ser amigo de Affleck é um bom exercício para os alpinistas do sucesso cinematográfico. Esta é sua quarta indicação ao Oscar, já ganhou um – Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, 2006), e foi indicado outras duas – Por que tem que ser assim (The heart is a lonely hunter, 1968) e Os russos estão chegando! Os russos estão chegando! (The Russians are coming! The Russians are coming!, 1966).

Christoph Waltz, 56 anos, pelo personagem Dr. King Schultz, em Django livre (Django unchained, 2012), este ator super aclamado internacionalmente já ganhou um Oscar há dois anos por Bastardos inglórios (Inglourious basterds, 2010), onde interpretava um nazista filho da puta de tal maneira que fazia qualquer espectador se roer de ódio e desejo de vingança. Dessa vez ele interpreta um caçador de recompensas que é contra a escravidão e o preconceito racial. Evidentemente que ele trabalhou muito bem, mas entendo que Leonardo DiCaprio merecia mais a indicação por ter composto um personagem escravagista e preconceituoso tão odiável quanto o nazista de 2010. Inclusive ambos foram indicados ao Globo de Ouro, mas quem ganhou foi o Chris (para os íntimos).

Philip Seymour Hoffman, 45 anos, pelo personagem-título do filme O mestre (The master, 2012), Lancaster Dodd, um líder espiritualista que mesclava ciência e misticismo. Muita gente jura que o filme é uma crítica contra a Cientologia, um sistema de crenças fundado em 1952 por L. Ron Hubbard que possui vários adeptos famosos, tipo Tom Cruise. Mas o filme não faz referência a nenhum grupo específico, inclusive, a apresentação dos personagens religiosos é dúbia, ficamos sem ter certeza se eles são loucos mesmos, hipócritas deslavados ou apenas se deixaram levar pelo entusiasmo que é comum acontecer a quem se converte a qualquer tipo de associação, seja religiosa, política ou científica. Este filme é um prato cheio para os psicanalistas e estudiosos do comportamento social religioso. O mestre do movimento, Lancaster Dodd, é visceralmente interpretado pelo ator, sendo um personagem tão principal quanto o de Joaquin Phoenix. Foi indicado ao Globo de Ouro e ganhou o Critic's Choice pelo papel. Ele já ganhou o Oscar por Capote (2005), e foi indicado por Dúvida (Doubt, 2008) e por Jogos do poder (Charlie Wilson's war, 2007).

Robert De Niro, 69 anos, pelo personagem Pat Senior (o pai do personagem principal, Pat), no filme O lado bom da vida (Silver linings playbook 2012). Acredito que o ator foi indicado mais pelo bom desempenho do elenco do filme do que pelo desempenho individual. Chris Tucker teve uma participação muito mais interessante e memorável como o amigo de Pat do manicômio. Inegável que Robert De Niro trabalha bem, pois não é à toa que seja tão aclamado pela crítica e amado pelo público. Já ganhou dois Oscar – Touro indomável (Raging bull, 1980) e O poderoso chefão 2 (The godfather: Part II, 1975) e foi indicado outras quatro vezes – Cabo do medo (Cape fear, 1991), Tempo de despertar (Awakenings, 1990), O franco atirador (The deer hunter, 1978) e Taxi Driver (1976).


Tommy Lee Jones, 66 anos, pelo personagem Thaddeus Stevens, em Lincoln (2012). Para ele receber tal indicação devem ter achado o máximo ele interpretar um septuagenário que namorava sua empregada negra, em uma nação racista, na segunda metade do século XIX. David Strathairn teve uma participação mais relevante e ninguém deu a mínima. É sua quarta indicação ao Oscar, ganhou por O fugitivo (The fugitive, 1993) e foi indicado por No vale das sombras (In the valley of Elah, 2007 e JFK – A pergunta que não quer calar (JFK, 1991).



Meu voto: Philip Seymour Hoffman
Quem eu acho que vai vencer: Philip Seymour Hoffman, porque seu personagem é tão importante quanto o principal.