.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Filmes 2012: As Aventuras de Pi

Saí do cinema com a impressão de que o melhor filme que assisti neste ano que se acaba em breve foi o último, um filme que retrata em tom de fábula a incrível jornada de um garoto de 15 anos, Pi, e um tigre chamado Richard Parker navegando em um bote nas cristalinas águas do Pacífico.

O filme lembra em alguns momentos “Peixe grande e suas incríveis histórias” pela tradução em imagens de um realismo fantástico, em outros momentos, no entanto, encontra eco na solidão de Tom Hanks em “Náufrago” como se a bola Wilson ganhasse a forma de um tigre de bengala, mas é muito mais do que isso, embora o isso não signifique pouco, principalmente se considerarmos o aspecto narrativo de ambos os filmes.

Trata-se de uma viagem de formação, formação de um garoto que chamado pelos pais de Piscine em homenagem à mais bela piscina pública de Paris, transformou seu nome em um número gigantesco idealizado pela matemática, o clássico 3,14..., a jornada de Pi se baseia na sua capacidade de acreditar, que revela ainda criança mesmo lendo “O Estrangeiro” de Camus, ou Dostoievski, pois sempre acreditou num mundo diferente do que se colocava aos seus olhos, seja por acreditar em religiões que aparentam se excluir ou se contrapor como o Hinduísmo, Catolicismo e Islamismo, seja por procurar por trás dos olhos famintos de um tigre uma espécie de redenção da natureza, o filme mostra então essa redenção, de uma natureza capaz de provocar a dor, a angústia e o desespero sem retirar do garoto a capacidade de acreditar.

Com roteiro adaptado por David Magee, que já havia criado uma bela fábula em “Em busca da Terra do Nunca”, e direção de Ang Lee, a poesia do filme está não apenas na jornada de Pi, ou na relação que estabelece com Richard Parker, mas sobretudo na força das imagens, em um mundo onde o céu e o mar se misturam no horizonte ou no brilho das estrelas que irradia do fundo de um oceano que parece alcançar o infinito do olhar. Filme para assistir no cinema em 3D, esquecer do mundo à sua volta para depois olhar de novo de uma forma um pouco diferente, com um sorriso nos olhos, e que venham os fogos no céu para anunciar 2013.

 
Texto de Frederico Borgonovi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário