.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Oscar 2012: A Árvore da Vida


 Em 1999, enquanto um dos melhores filmes de guerra já feitos "O resgate do soldado Ryan" colecionava prêmios mas perdia o Oscar de melhor filme para "Shakespeare Apaixonado" eu me impressionava com "Além da Linha Vermelha" de Terrence Malick, um filme de guerra poético e psicológico.

A poesia de Malick está na forma como relaciona belas fotografias com reflexões filosóficas e coloca a ação num terceiro plano, como uma consequência natural dos outros dois. A lógica ilógica da guerra servia como um fio condutor de um drama narrado em primeira pessoa por diversos personagens que questionavam cada um ao seu modo, o seu lugar numa batalha daquela magnitude, contrapondo lembranças do passado e a realidade sangrenta mas paradisíaca do presente.


Eu senti falta desse elemento condutor da trama em "A Árvore da Vida", pois como a trama trata essencialmente das relações familiares, dos questionamentos existenciais sobre a vida, a fé, da busca por respostas para as dores, o filme fica paralisado no tempo, o que é um verdadeiro paradoxo, pois Malick tentou por meio da fotografia dar uma vazão temporal ao filme, voltando à criação do mundo numa sequência de belas paisagens que por vinte minutos pareciam compor um programa da National Geograthic.
As questões que se colocam no filme são realmente importantes, e já inspiraram cientistas, teólogos, escritores, artistas, poetas, mas a ausência de um elemento dinâmico como condutor da narrativa retira a dinâmica do filme, que por diversas vezes lança as mesmas perguntas feitas por narradores diferente, o pai rígido e religioso, a mãe companheira e submissa, o filho mais velho que alternava entre a busca pela aprovação do pai, e o complexo de Édipo na relação com a mãe. O filme mostra o que acontece com a vida desses narradores a partir da morte acidental de um dos filhos.
Não é um filme fácil de assistir, também não sei se é necessário assistí-lo, mas se o fizer, tente ir até o fim dessa experiência, não muito indicada para dias tristes. O filme não deve brigar pelo Oscar, talvez uma merecida premiação pela fotografia, mas serve para manter a aura artística e pouco convencional ou comercial de um diretor que escreve e dirige filmes quando tem uma idéia que entende valer a pena, e recebe uma fila de grandes atores à sua porta para participar de suas jornadas épicas como as emoções humanas e as belas paisagens.

Comentários de FREDERICO POLES BORGONOVI

Nenhum comentário:

Postar um comentário