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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Filmes de 2011: Tudo pelo Poder


De um silêncio ruidoso surge a voz de Ryan Gosling, num clima que prenuncia a arte da guerra política, a atmosfera da direção e dos diálogos lembra um pouco o excelente "Frost/Nixon", mas o filme trata da desconstrução dos sonhos por meio do choque de realidade do espaço político. Numa espécie de contraponto ao "Discurso do Rei", que curiosamente começa da mesma forma, com o silêncio rompido pelo microfone do discurso aqui o líder é construído não por meio da superação de desafios ou da afirmação de suas virtudes, mas com base na prática política já descrita por Maquiavel no século XVI. Embora o filme seja dirigido e estrelado por George Clooney, a cena é roubada pela excelente atuação de Ryan Gosling, que começa o filme com o idealismo quixotesco da construção de um sonho num ambiente em que os sonhos são oprimidos pela realidade sórdida, e aos poucos vai mergulhando com profundidade naquilo que Morpheus chamou em Matrix de "deserto do real". 
Desde o desenvolvimento da tecnologia, a política passou a ser uma mistura das concessões, trocas de favores e falsas promessas com um elemento novo, a construção da imagem do líder virtual, o príncipe de maquiavel entrou na Matrix. A ilusão política já havia sido bem explorada em "Mera Coincidência"com o dueto Hoffman/de Niro, mas volta a ser muito bem explorada nesse filme que surge como um dos favoritos ao Oscar 2012, recebendo várias indicações importantes ao Globo de Ouro. Excelente filme que retrata o ambiente em que o apanhador de sonhos não aceita os sonhos impossíveis que transformam os moinhos de vento em urnas, mas aceita a desilusão como moeda de troca por esses sonhos.

Comentários de FREDERICO POLES BORGONOVI

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