Rumo
ao Globo de Ouro 2013
Os Indicados a
Melhores Animações
Estes festivais do
cinema comercial americano que se acham internacionais têm, diga-se
de passagem, os melhores filmes... comerciais. Como produto
industrial, o cinema coroou a revolução industrial sintetizando
todas as manifestações artísticas num só produto, mesclando arte,
tecnologia e comunicação.
Ou seja, cinema não é
só pra saber das coisas, ou ficar refletindo sobre algo... cinema
também é um entretenimento por excelência. E os filmes que fazem
mais sucesso comercial são os que entretêm da melhor forma
possível.
O gato do rabino não combina com o Oscar. |
O
mundo dos desenhos animados não foge a esta regra. Por exemplo, um
desenho animado excelente tipo “O
gato do rabino”
(Le chat du rabin, 2011), uma produção franco-austríaca dirigida
por Antoine Delesvaux e Joann Sfar, só concorreria a um Oscar ou
Globo de Ouro se não houvesse outros concorrentes digamos assim,
“divertidos”.
Então
vou inaugurar minha postagem neste blog de gente viciada em cinema
falando sobre um produto pelo qual sou um abestalhado mesmo: desenho
animado. Visto que sou um cara que participa ativamente deste sistema
capitalista cruel não deixo de ficar de olho nos indicados ao Globo
de Ouro e ao Oscar. Fico doente se não conseguir ver, no cinema,
todos os filmes dos principais prêmios, principalmente os do Oscar.
Vamos
direto ao assunto: Os cinco indicados ao Globo de Ouro 2013.
Feio e sombrio como o Tim Burton gosta. |
Frankenweenie,
de Tim Burton. Dessa vez o diretor do excelente desenho mórbido A
noiva cadáver
(Corpse bride, 2005) não acertou no conteúdo do filme. O estilo
mórbido ficou até mais sombrio e talvez seja por isso que o Tim
tenha se amedrontado com a possibilidade de apenas góticos e emos se
interessarem pela película. Então, para não dar prejuízo a um
investimento de 40 milhões de dólares, o filme foi dividido em duas
partes: A primeira metade é um elogio à Ciência e uma crítica
pancada na cabeça dos pobres mortais que têm medo dela. Nessa
primeira metade um cachorro alegre e cativante morre. A segunda
metade resvala para um filminho bobo com final adocicado, onde um
cachorro recauchutado horroroso só morre se faltar energia. Ganhou
88% de aprovação dos críticos no Rotten
Tomatoes,
o público deu 76.
Vampirinha jovem enfrenta o Vampiro paizão protetor |
Hotel
Transilvânia
(Hotel Transylvania), de Genndy Tartakovsky. O diretor é quem dirige
algumas séries de TV: As
Meninas Superpoderosas,
Samurai
Jack,
O
Laboratório de Dexter,
dentre outros. Esta é uma interessante animação sobre os fantasmas
tradicionais da cultura ocidental que morrem de medo dos humanos, em
especial o Conde Drácula, que ficou traumatizado. O filme aborda o
drama do pai superprotetor e da filha adolescente rebelde que, além
de querer conhecer o mundo, se apaixona instantaneamente por um amor
proibido: um humano. Mas longe de ser um poço de profundidade
psicológica sobre dramas familiares e conflitos de gerações, o
filme é divertido e prega a tolerância. Pelo menos na tela,
vampiros e humanos nem são tão diferentes assim. A crítica
internacional não curtiu muito: só 43% de aprovação, mas o
público deu 73.
Máscula ou mulher moderna? |
Valente
(Brave), dirigido por seis mãos: Mark Andrews, Brenda Chapman e
Steve Purcell, mas só a Brenda tem experiência em dirigir outro
longa de animação: O
Príncipe do Egito
(The Prince of Egypt, 1998). É a estória de Merida, uma adolescente
de espírito aventureiro que foi criada pra ser uma princesa bem
comportada e se casar quando os pais assim decidirem. Revoltada por
ser obrigada a ser perfeita só por ter nascido mulher e disposta a
lutar pelo comando de seu próprio destino, a menina vai causar
algumas confusões onde no final tudo vai dar certo. O tema central
pode parecer clichê para os mais modernos, mas ser obrigada a ser
perfeitinha, arrumadinha e boazinha ainda é considerada uma
obrigação feminina pra muita gente. Línguas viperinas disseram que
Merida deve ser lésbica por cultivar hábitos típicos dos homens de
seu contexto social e não se interessar por nenhum rapaz. Pra mim
esse tipo de comentário é resquício de uma sociedade machista e
sexo-centrada, onde mulher só é alguém se tiver um macho e não
existe felicidade para pessoas livres e solteiras. Críticos e
público se harmonizaram: 78 e 79% de aprovação
Guardiões bem heterogêneos |
A
origem dos guardiões
(Rise of the guardians), de Peter Ramsey, é um lindo conto de natal
que junta o papai noel (em estilo roqueiro tatuado), o sonho
(Sandman), o coelho da páscoa, a fada do dente e Jack Frost, este
último uma lenda medieval que ninguém lembra mais. Só fiquei
sabendo que isso existia por causa desse filme. Os quatro guardiões
se unem para combater o Breu (na versão dublada chamam ele de Pitch
mesmo), a personificação do mal-assombro. O filme é bonito, mas me
pareceu com conteúdo filosófico demais para crianças. Ele propõe
o tema do medo de ser esquecido e, se você não acredita ou não
pensa a respeito de algo ou alguém, então não existe mais. Ao
mesmo tempo é proposto que as crendices medievais continuem vivas
porque, segundo o filme, é uma questão de se manter viva a
esperança de algo melhor para nossas vidas. Esta é uma excelente
verdade pra ser discutida em mesas de botequim. Os críticos gostaram
menos que o público: 74 e 83%.
O melhor do ano! |
Agora
o meu filminho mais querido: Detona
Ralph
(Wreck-it Ralph), de Rich Moore (dirige a série de TV Os
Simpsons).
Aclamado pelos críticos e pelo público (86 e 90%), este é um raro
filme da Walt Disney que não tem aqueles momentos musicais que muita
gente acha um porre. Mas, além disso, é um filme sobre autoaceitação
e sobre as consequências não se sentir bem consigo mesmo, em
diversos níveis. Fala de amizade e sabedoria pra aceitar a vida como
ela é. Só achei estranha a mensagem republicana que parecia
catecismo mórmon perto do final, quando a princesinha Vanellope diz
que prefere ser presidente! Não tenho dúvidas que vencerá o Oscar
e o Globo de Ouro em 2013.
Adorei o filme Detona Ralph (Wreck-it Ralph) e concordo plenamente com o comentário do Nivaldo. Melhor animação do ano.
ResponderExcluirPois é, Tércio, mas ele perdeu o Globo de Ouro para Valente... e não consigo ver nada de muito especial na produção vencedora! =/
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