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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Oscar 2012 - Histórias Cruzadas (The Help)

Em 1988, o grande Alan Parker dirigiu o incendiário “Mississipi em Chamas”, filme que retratava a atuação da Ku Klux Klan, que aterrorizava o Sul dos EUA com a conivência dos Estados da Federação. O filme abordava especificamente a morte de três ativistas negros em uma pequena cidade do Mississipi, no período em que vigoravam as “Leis de Jim Crow”.

Em julgamento polêmico os acusados pelos homicídios, pastores e outras autoridades locais, foram absolvidos pelo crime, o que provocou uma onda nacional de revoltas que culminaram na assinatura da Lei dos Direitos Civis, pelo então presidente Lyndon Johnson, em 1964. Mais de trinta anos depois, em novo julgamento, os assassinos foram condenados.


A história do excelente “Histórias Cruzadas” se passa justamente no início da década de 60, e mostra o que aconteceu nos Estados do Sul após a abolição da escravidão, no fim da Guerra de Secessão, em 1863, a transformação da escravidão em instrumentalização racial do trabalho.

Com o fim da escravidão, não houve qualquer tipo de integração dos escravos à sociedade, ao contrário, a falta de uma política social de caráter nacional permitiu que os Estados do Sul da Federação editassem as chamadas “Leis de Jim Crow”, que instituíam a segregação racial como política pública e privada, criminalizando as relações interraciais, proibindo que crianças negras freqüentassem escolas, proibindo a utilização de banheiros públicos, transportes públicos.



A questão humana é a alma do filme, o que move a atuação das três principais personagens da trama, Aibilleen (Viola Davis na briga pelo Oscar de atriz) e Minny (Octavia Spencer, favoritíssima na briga por atriz coadjuvante), e a jornalista Skeeter (Emma Stone, em bela atuação), que atuam em uma perfeita sintonia que caminha com propriedade na fronteira entre o drama e a aventura, com algumas pitadas de comédia, e contam com o apoio de um grande grupo de atrizes, em um filme carregado pelas mulheres, o que fez com que alguns críticos o comparassem com certa razão a “Tomates Verdes Fritos”.

O filme conta uma história de coragem, dos testemunhos do racismo que deram origem a um livro escrito a seis mãos pelas três personagens principais, desafiando o conservadorismo e a opressão na luta pela dignidade, que numa visão kantiana pode ser entendida como um valor inalienável por excelência, um valor que move a história em determinados momentos, constrói revoluções como as vistas no filme.

A essência do filme é expressa de forma primorosa pela mãe de Skeeter, ao dizer para a filha que “a coragem às vezes pula uma geração, obrigado por trazê-la de volta para esta família.”.

Filmaço! O filme com mais conteúdo na briga pelo Oscar 2012. Baseado no livro “The Help”, publicado em 2009.

Comentários de FREDERICO POLES BORGONOVI


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